PRESENÇA FEMININA GANHA FORÇA NA COMPOSIÇÃO DA CÂMARA DE ARACRUZ
Com quatro vereadoras entre seus 17 parlamentares, Aracruz é um dos poucos municípios capixabas a possuir mais de 20% de mulheres em seu Legislativo Municipal. Com a posse da quarta vereadora, ocorrida no dia 29 de abril, a representatividade feminina na Câmara Municipal alcançou 23,5% do total de seus parlamentares.
Este número é significativo se considerarmos que em todo o estado do Espírito Santo, dos 860 vereadores eleitos em 2020, apenas 91 são mulheres. O número equivale a 10,8% do total de parlamentares nos legislativos municipais. Vale lembrar que as mulheres representam 51% do eleitorado do Espírito Santo. Mesmo nos municípios mais populosos do estado, dos 74 vereadores eleitos em Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica, apenas cinco são mulheres, o que perfaz 6,7% do total de representantes nos municípios onde vive a maior parte dos eleitores capixabas. Cariacica, por sinal, não elegeu nenhuma mulher.
No restante do país não é diferente. Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostram que “somente 45 municípios entre os 5.568 que realizaram eleições municipais em 2020 têm maioria de mulheres na composição das câmaras de vereadores, valor que não chega a 1% do total dos municípios brasileiros’.
É neste sentido que o aumento do número de mulheres na Câmara Municipal de Aracruz ganha relevo. E não só por uma questão de gênero, mas especialmente porque as mulheres podem fazer a diferença na política. É o que pensam as quatro vereadoras de Aracruz.
Falam as vereadoras
Rhayrane Pedroni considera que uma maior representatividade de mulheres no parlamento, além de fortalecer a Lei das Eleições de cotas de gênero, garantindo candidaturas femininas, fortalece ainda a elaboração de políticas públicas voltadas não só para mulheres, mas também para crianças e idosos, “pois as mulheres têm um olhar mais cuidadoso para as questões e necessidades que dizem respeito a estes públicos”.
Para Mônica Cordeiro, com quatro vereadoras no Legislativo Municipal “Aracruz demonstra um avanço significativo na inclusão e na diversidade dentro do cenário político. Um marco histórico de representatividade, que não apenas inspira outras mulheres a se envolverem na política, mas também contribui para a criação de políticas mais inclusivas e sensíveis às necessidades de toda a população”. Para a vereadora, “a representatividade feminina na política desempenha um papel fundamental na promoção da igualdade de gênero e na garantia de que as nossas vozes sejam ouvidas e consideradas nas decisões políticas do município”.
Na visão de Etienne Coutinho Musso, a presença de mais mulheres na atuação política é uma superação e um empoderamento, na medida que rompe o preconceito social de que “elas têm que estar apenas atrás do fogão”. A vereadora considera também que há um ganho na pauta política trazido pelo olhar mais sensível da mulher para os interesses da população e para as causas sociais. Etienne entende que a presença de mais mulheres nos parlamentos pode ser também um incentivo para que outras mulheres venham a participar da política de seu município, estado e país.
Adriana Guimarães considera que a representatividade feminina favorece o debate e o avanço de pautas importantes para as mulheres. “As mulheres têm uma melhor compreensão no debate sobre as causas femininas”. Ela aproveitou e fez um apelo para que mais mulheres se interessem e participem da política, disputando os pleitos eleitorais para que não só no município, mas em todo o país as vozes femininas ganhem força nos parlamentos e a política deixe de ser feita apenas por homens. Mas a vereadora ressaltou: “é preciso que as mulheres se candidatem efetivamente e não apenas para preencher cota de gênero.” Adriana frisou que as mulheres representam 53% do eleitorado nacional, sendo 82 milhões de eleitoras em todo o país.
O presidente da Câmara Municipal, vereador Alexandre Manhães, vê como um fato histórico a presença de mais mulheres no Legislativo de Aracruz e considera que esta representatividade é importante pelo olhar diferenciado que elas trazem para o debate parlamentar. “Ganha força a discussão em torno das causas femininas, como a proteção às mulheres vítimas de violência.”