EM SESSÃO ESPECIAL, VEREADORES QUESTIONAM SETRANS SOBRE MUDANÇAS NO TRANSPORTE PÚBLICO APÓS SUBSÍDIO

por Manuela Neves publicado 15/09/2023 08h44, última modificação 15/09/2023 08h44
Entre os pontos questionados estão o cumprimento de horários e o nível de lotação dos ônibus

No início desta semana, usuários do transporte público coletivo de Aracruz foram surpreendidos pela mudança dos horários de linhas de ônibus que circulam no município. A mudança, feito sem que a população tenha sido comunicada com antecedência, provocou atrasos e mesmo impediu que alguns usuários conseguissem chegar a seus locais de trabalho. O fato resultou numa enxurrada de reclamações e levou a Câmara de Aracruz a convocar o titular da Secretaria de Transportes e Serviços Urbanos (Setrans), Almir Vianna, e o diretor da empresa Cordial Transporte e Turismo Ltda, Carlos Fernando Vieira, para prestar esclarecimentos sobre o ocorrido em Sessão Especial, realizada nesta quinta-feira, 14 de setembro.     

A convocação veio em atendimento ao requerimento nº 076/2023, assinado por 16 vereadores, e apresentado na 117ª Sessão Ordinária, realizada na segunda-feira, 11. O propósito da convocação foi esclarecer as mudanças de horário, a superlotação dos ônibus nos horários de pico e o valor considerado alto das tarifas dos itinerários para os distritos, uma vez que a Prefeitura disponibilizou uma verba, no valor de R$ 2.7 milhões, para subsidiar o serviço de transporte público em Aracruz. Segundo explicou o secretário Almir Vianna, o subsídio cessou em junho, o que causou a necessidade de redução dos custos do serviço. Entre as propostas para enfrentar este desafio está a retirada de horários deficitários e a adoção da bilhetagem eletrônica afim de evitar o impacto no cálculo da tarifa.

Falha na comunicação

Quanto às mudanças de horário de circulação dos ônibus ocorrida no início da semana, o secretário reconheceu que houve falha na comunicação por parte da Prefeitura e assegurou que os horários serão retomados no início da próxima semana.

Quanto ao problema da superlotação dos ônibus nos horários de pico, o diretor da Cordial, Carlos Fernando Vieira, explicou que este é um problema que ocorre em vários municípios, inclusive na Grande Vitória, que tem o serviço de transporte subsidiado pelo Governo do Estado. Ele também considera a necessidade de retirada das linhas deficitárias. “Então talvez o usuário deverá se adaptar a novos horários para que haja mais veículos no horário pico.” A vereadora Rhayrane Pedroni questionou a proposta do empresário, que segundo ela, seria uma medida que penalizaria o usuário.

Questionamentos

Sobre a proposta de retirada de horários deficitários, o vereador Jean Pedrini entende que tal medida tira o caráter social do transporte público. Pedrini também voltou a insistir na necessidade da instalação de um terminal de transbordo rodoviário na Barra do Sahy, como forma a otimizar as linhas que fazem o transporte para os distritos do litoral. Almir Vianna explicou que o projeto do terminal é uma das alternativas que está em estudo na Prefeitura como uma das soluções para reduzir seus custos e melhorar o serviço de transporte público. Mas o secretário, assim como o diretor da Cordial, explicou que o custo do serviço foi impactado também pela alta no preço dos insumos – como do combustível.

Os vereadores Paim, Léo Pereira e Vilson Jaguareté reconheceram que houve melhorias no serviço de transporte público, com a colocação em circulação de veículos novos, a maior parte com ar-condicionado, mas criticaram a dificuldade de retomada de linhas e horários praticados antes da pandemia. “E agora também a falta de comunicação de mudança horários”, disse Paim Segundo ele, a Secretaria de Comunicação foi avisada pela empresa sobre a mudança, mas não divulgou. “Horário não pode ser mudado sem comunicação”, criticou Paim, no que foi acompanhado pelos vereadores Elizeu Costa, Adriana Guimarães e Etienne Coutinho Musso.

Tarifas

Sobre o valor das tarifas, Vilson Jaguareté e o vereador Roberto Rangel disseram que os moradores dos distritos são os mais prejudicados. Rangel disse que o valor cobrado nestes itinerários são os mais altos do estado e defendeu que o serviço seja subsidiado pelo município, já que, segundo a Constituição Federal, é do município a responsabilidade pelo sistema de transporte público, e o usuário não deve ser prejudicado por falhas do sistema.

A vereadora Rhayrane Pedroni, questionou o procurador geral do município, Thiago Pierote, também presente à Sessão Especial, se o contrato de concessão do serviço poderia ser alterado. O procurador respondeu que é possível adequações e que a Prefeitura tem acompanhado e fiscalizado sua execução. “Decisões administrativas são tomadas a todo instante. Estamos permanentemente discutindo equilíbrio do sistema”, completou Almir Vianna.