CÂMARA APRESENTA PROPOSIÇÃO QUE SUSTA EFEITOS DO DECRETO QUE ESTABELECEU VALORES DA TAXA DE LIXO

por Manuela Neves publicado 17/10/2023 15h05, última modificação 17/10/2023 15h38
O Decreto do Executivo recebeu críticas dos vereadores e foi o assunto em destaque na 122ª Sessão Ordinária

Diante da majoração dos valores de cobrança da taxa de lixo de 2023 em relação aos valores do ano anterior, a Câmara de Aracruz apresentou um projeto de decreto legislativo que susta os efeitos do decreto do Executivo Municipal que estabeleceu o modelo de cálculo da taxa de lixo, feito sobre o consumo de água. O decreto legislativo foi apresentado na 122ª Sessão Ordinária, realizada na segunda-feira, 16 de outubro, e segue agora para apreciação nas comissões permanentes da Câmara antes que possa ser posto em votação em sessão ordinária da Casa de Leis.

O projeto de decreto legislativo, em seu artigo primeiro, susta os efeitos do decreto nº 45.099/2023, do Executivo Municipal, que trata da taxa de manejo de resíduos sólidos (taxa de lixo) relativa ao exercício de 2023 do município de Aracruz. O decreto legislativo foi assinado por 11 vereadores e a razão para sua apresentação se deve ao fato do decreto do Executivo ter sido considerado inoportuno e ilegal, uma vez que o aumento nos valores da taxa de lixo foi feito “em patamares totalmente abusivos e extrapolou os limites da Lei Municipal 4.407/2021, especialmente em seu 7º artigo, que trata da base de cálculo da taxa”. Segundo o presidente da Casa de Leis, vereador Alexandre Manhães, que fez a leitura do decreto legislativo, “cabe à Câmara Municipal sustar os atos normativos do Poder Executivo, que exorbitem o seu poder de regulamentar”.

Cálculo sobre consumo de água

Uma das principais críticas dos vereadores ao decreto do Executivo é sobre o modelo de cálculo da taxa de lixo, que este ano foi feito sobre o consumo de água dos imóveis e não sobre a frequência da coleta de lixo, como foi em 2022. A mudança elevou substancialmente o valor da taxa em 2023. Para imóveis residenciais, por exemplo, em localidades com frequência alta de coleta (seis vezes por semana), o valor da taxa em 2022 foi de R$ 385,83. Com a mudança no modelo, este ano o valor da taxa será de R$ 4.443,80. Segundo o vereador Roberto Rangel, a modelação da cobrança não foi discutida com a sociedade e nem com a Câmara Municipal.  

A vereadora Adriana Guimarães criticou ainda o prazo dado para pagamento da taxa, que deverá ser feita em três parcelas, uma vez que a Prefeitura só publicou o decreto da taxa de lixo no início do mês de outubro, três meses antes do fim do ano. No ano passado, a cobrança foi iniciada no mês de fevereiro e o pagamento pôde ser feito em dez parcelas e ainda possibilitando a cobrança em cota única com desconto, possibilidade que não foi dada este ano. Os vereadores Marcelo Nena, Jean Pedrini e Bibi Rossato pontuaram que o prazo curto se deve à falta de planejamento da Prefeitura, sobretudo da Secretaria de Transportes e Serviços Urbanos (Setrans), responsável pela cobrança.  

Requerimento

Em função da insatisfação dos contribuintes com o modelo de cobrança e o prazo para pagamento da taxa de lixo, os 17 vereadores de Aracruz apresentaram um requerimento encaminhado ao prefeito municipal, Luiz Carlos Coutinho, pleiteando a “adoção das medidas pertinentes para que possa ser elaborado uma nova forma de cobrança da taxa de recolhimento de resíduos sólidos, sem haver vínculo junto ao Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Aracruz (SAAE), com o principal objetivo de haver uma redução da taxa em questão”.

Entre os motivos alegados para a apresentação do requerimento, os vereadores destacaram que para definir valores é importante levar em consideração a natureza do serviço, o volume de resíduos e a frequência da coleta, além das características dos imóveis atendidos, como localização, uso, destinação e metragem de área construída e não apenas pelo consumo de água.

REJEIÇÃO AO PROJETO DA LOA

Durante a fase de apresentação e votação de projetos, o presidente da Câmara, Alexandre Manhães, informou que não iria apresentar o Projeto de Lei do Executivo nº 057/2023, que estima receita e fixa despesa do município de Aracruz para o exercício de 2024 – Lei Orçamentária Anual (LOA). A razão da não apresentação do PLE nº 057, segundo explicou Manhães, se deve “a sua flagrante inconstitucional”. O PLE apresenta valor incorreto de repasse anual obrigatório do Poder Executivo para o Poder Legislativo, que, segundo o artigo nº 29, alínea I, da Constituição Federal, deve ser 7% da receita municipal do exercício do ano anterior para municípios com até 100 mil habitantes “e não de até 7%”, como está no projeto da LOA.   

Desta Forma, conforme informou Manhães, o PLE nº 057/2023 será devolvido ao Executivo Municipal para que seja adequado ao que está estabelecido na Constituição Federal de forma a garantir a constitucionalidade da matéria e, assim garantir a autonomia financeira do Legislativo Municipal e a independência entre os Poderes.

VOTAÇÃO EM TURNO ÚNICO

Durante a 122ª Sessão Ordinária, foram aprovados os seguintes projetos de lei:

Projeto de Lei n.º 055/2023, de autoria do Executivo Municipal: dispõe sobre a abertura de crédito adicional especial. O PLE objetiva adequar a Lei Orçamentária Anual com vistas à abertura de crédito especial para recebimento dos recursos da União oriundos da Lei Complementar n.º 195, de 8 de julho de 2022, (Lei Paulo Gustavo). Para fins de execução das ações previstas na Lei, a União descentralizou ao município de Aracruz o valor de R$ 887.067,98, valor este que deve ser adicionado à Lei Orçamentária Anual vigente como crédito especial. 

Projeto de Lei n.º 045/2023, de autoria do Executivo Municipal: dispõe sobre a autorização de abertura de crédito adicional especial, no valor de R$ 150 mil, a ser repassado à Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE-Aracruz.

Apesar do projeto vir com a autoria do Executivo Municipal, Alexandre Manhães, Vilson Jaguareté, Roberto Rangel e Adriana Guimarães lembraram que o valor repassado tem origem na economia feita pela Câmara Municipal, o que viabilizou a destinação da verba à APAE. “Esse é um projeto dos 17 vereadores”, disse Manhães, que aproveitou ainda para informar que a Câmara está doando dez computadores para a Associação, além de outros cinco que serão destinados ao Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). “A Câmara Municipal não tem se eximido de poder contribuir com o município de Aracruz”, disse Manhães.    

Projeto de Lei do Legislativo n° 027/2023, de autoria do vereador Marcelo Nena: institui no calendário oficial do município de Aracruz, o “dia de início dos Campeonatos do Futebol de Campo Amador”, a ser realizado no dia 1° de junho.  

Projeto de Lei do Legislativo n° 028/2023 (com Emendas), de autoria da vereadora Etienne Coutinho Musso: institui no calendário oficial de eventos de Aracruz/ES, o evento esportivo “Circuito Aracruzense de Surf”, realizado anualmente no mês de julho.